A depressão(Transtorno Depressivo Maior) se caracteriza como uma conjunção de fatores em um indivíduo que implicará numa redução de seu nível de prazer na sua vida social e privada. Segundo o DSM-V, o diagnóstico da depressão em um indivíduo deve atender a diversos itens, como apresentar um humor deprimido, perda de interesse ou prazer nas atividades sociais, sentimentos de vazio, perda ou ganho de peso em um curto espaço de tempo, insônia ou hipersônia em quase todos os dias, retardo motor, sentimentos de culpa e agitação excessiva.
Estudos recentes apontam que 19% da população mundial sofre dessa patologia e esse número só tende a aumentar. As causas dessa exacerbação no número de casos nos últimos anos não são claras, mas apontam para uma sociedade que cada vez mais adoece coletivamente na maneira de construir seus princípios éticos.
No cinema, a depressão sempre foi um tema bastante difundido. E, aqui, nesta lista, procuramos incluir alguns dos filmes mais significantes sobre o tema. Os filmes abaixo mostram personagens centrais ou secundários inseridos na realidade da depressão. Seja com uma visão positiva ou negativa sobre o panorama de melhora do indivíduo, os filmes sempre vão estudar as origens do transtorno nos personagens e o que aquilo acarreta em suas vidas.
10º – As Confissões de Schmidt (Alexander Payne, 2002)
Submerso em uma vida de rotinas insossas, Warren Schmidt decide se aventurar por uma verdadeira jornada em um trailer para ver sua filha se casar. Durante a viagem, Warren acaba descobrindo mais sobre si mesmo do que gostaria. ‘As Confissões de Schmidt’ é um filme bastante triste sobre um homem envolto em uma rotina inexorável de comportamentos que somente lhe trazem sofrimento. Não teremos momentos alegres ou projeções de uma melhora feitas pelo filme. E é isso que acaba comovendo quem assiste ao filme.
9º – Os Excêntricos Tenenbaums (Wes Anderson, 2001)
A trama do filme vai se desenvolver acerca das desventuras de uma família disfuncional. No entanto, aqui o nosso foco é no personagem de Richie Tenenbaum, interpretado magistralmente por Luke Wilson. Richie se encontra num processo psicológico degenerativo, onde qualquer estímulo oriundo de sua família apenas tende a piorar sua situação. Aqui, no entanto, temos uma projeção mais aprazível, onde Richie vai vislumbrar sua recuperação na figura de sua irmã adotiva.
8º – Nostalgia (Andrei Tarkovsky, 1983)
Andrei Gorchakov, um poeta russo, viaja para a Itália com sua intérprete para investigar a vida de um compositor do século XVIII e lá acaba descobrindo mais sobre sua própria essência. O filme inteiro é um processo de construção e desconstrução da vida de Andrei. Os objetivos do personagem acabam ficando deturpados conforme avançamos pela trama. Tudo se confunde. A figura da depressão aqui se faz presente pela apatia e melancolia expressa a cada passo de Andrei. O personagem demonstra um desinteresse com sua própria vida e uma atitude de instabilidade com as pessoas ao seu redor. Vale ressaltar que a linda fotografia do filme ajuda a transmitir os nuances da história. Obra-prima de Andrei Tarkovsky que vale cada um dos 125 minutos de duração do filme.
7º – Farrapo Humano (Billy Wilder, 1945)
Passaremos alguns dias na vida de um homem buscando redenção em seus passos pelo mundo. O personagem é um alcoólico crônico e vê sua vida pessoal ser desmembrada a cada saída para beber. Seu hábito já solidificado o impede de modificar seu comportamento quando este unicamente lhe causa sofrimento. ‘Farrapo Humano’ é um filme sobre os inúmeros percalços da vida e a habilidade de se adaptar a cada um desses do ser humano.
6º – Luz de Inverno (Ingmar Bergman, 1963)
Um padre de uma pequena cidade luta para manter sua fé em meio a uma vida de incertezas. Aqui tudo é questionado. A cada palavra, olhar e gesto denunciam sua incapacidade de continuar a se guiar por suas convicções do passado. O momento mais significante do filme é quando um homem vai à igreja a procura de alguma razão para continuar a viver e sai de lá, após uma conversa com o padre, mais desiludido do que quando entrou. Um filme duro, sobre temas pouco aprazíveis, que mostra a aura “deveniente” que rege o mundo.
5º – O Substituto (Tony Kaye, 2011)
A vida de um professor substituto é destrinchada diante do espectador, revelando toda sua apatia em relação ao mundo e sua desconfiança a respeito do ser humano. Os 98 minutos de duração do filme são completamente desalentadores aos personagens ali inseridos e ao público que assiste. Os passos sofridos que o professor dá para cumprir suas funções no dia a dia acabam ficando mais compreensíveis a cada minuto do filme. Até mesmo momentos de uma possível redescoberta dos prazeres da vida são punidos em algum
momento.
4º – O Sétimo Continente (Michael Haneke, 1989)
Michael Haneke denuncia os costumes pouco substanciais da sociedade moderna neste filme. ‘O Sétimo Continente’ é um filme sobre rotinas insossas e suas implicações catastróficas nas vidas de diferentes pessoas. Assim como uma gripe, aqui a incapacidade de tirar prazer da vida parece ser transmitida pelo ar. Uma família inteira é “contaminada” por essa apatia, desnivelando consequências devastadoras para o espectador. Leia Nossa Crítica do Filme!
3º – Com Amor, Liza (Todd Louiso, 2002)
O suicídio sem explicações de sua esposa deixa cicatrizes incuráveis na vida de um homem. ‘Com Amor, Liza’ é um dos filmes mais tristes e desalentadores deste século. Tudo aqui é sofrimento. Tudo aqui é realizado por intermédio da dor. Todas as formas de intercâmbio social surge através de uma história ruim de algum personagem. Um filme para não ser assistido em momentos de instabilidade emocional.
2º – Anomalisa (Charlie Kaufman e Duke Johnson, 2015)
Um escritor renomado passa alguns dias em um hotel para dar uma palestra para fãs de seus livros. ‘Anomalisa’ é um estudo sobre a depressão e o vazio social que rege as relações humanas nos dias atuais. Um dos melhores filmes da carreira do diretor Charlie Kaufman.
1º – Trinta Anos Esta Noite (Louis Malle, 1963)
Impactante, ‘Trinta Anos Esta Noite’ é um filme sobre a incapacidade de um homem em lidar com as instâncias da vida. Uma obra onde o silêncio do personagem diz mais sobre seus dramas do que suas palavras. Jamais teremos explicações para o que está sendo transmitido ao espectador pelo filme, aqui tudo o que temos são outros questionamentos emitidos.
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