Sociologia

Umberto Eco alerta: “Nem todas as verdades são para todos os ouvidos.”

Por Marcel Camargo

Uma das maiores dificuldades comunicativas diz respeito à capacidade de expor pontos de vista sem exagerar no tom impositivo ou mesmo agressivo com que se defendem argumentos, mesmo os mais incoerentes. Cada vez mais intolerantes, as pessoas parecem precisar revestir seus discursos de agressividade, para que pareçam convincentes.

Com o advento da Internet, todos possuímos espaços virtuais onde podemos nos expressar, expondo nossos pontos de vista sobre assuntos vários. Ilusoriamente protegidos pela distância que a tela fria traz, muitas vezes excedemos no radicalismo com que pontuamos nossos comentários, sem levar em conta a maneira como aquelas palavras atingirão o outro.

A frieza do cotidiano e a concorrência de mercado acabam por contaminar nocivamente os relacionamentos humanos, que se tornam cada vez menos afetivos, tão robóticos quanto as máquinas de café que nos entopem os sentidos. Importamo-nos quase nada com os sentimentos alheios, com a historia de vida alheia, com a necessidade de entender as razões que não são nossas, pois queremos a todo custo extravasar tudo isso que se acumula dentro de nós em meio à velocidade estressante de nossas vidas.

Nesse contexto, quando expomos aquilo que pensamos sobre determinado assunto, principalmente relacionados à política e/ou à religião, acabamos sendo vítimas de contra-ataques violentos que não rebatem o que expusemos, mas tão somente tentam neutralizar nossa verdade com destemperos emocionais isentos de criticidade. Aceitável seria, entretanto, uma contra-argumentação pautada por reflexões plausíveis, o que não ocorre, em grande parte dos casos.

O fato é que poucos estão dispostos a se abrir ao que o outro tem a oferecer, a dizer, a mostrar, a trazer de diferente para suas vidas, porque é trabalhoso refletir sobre idéias já postas e cristalizadas dentro de nós, ao passo que manter intacto aquilo que carregamos há tempos é cômodo e tranquilo. E quem não quer não muda, não recebe o novo, somente dá em troca o pouco que tem e, pior, muitas vezes de forma deselegante e depreciativa.

Portanto, é necessário que aprendamos a nos expressar e a debater nossas ideias com quem realmente estiver pronto para trocar conhecimentos, com quem possui uma postura receptiva para com o novo e que não se importa com a quebra de certezas. Não percamos nosso precioso tempo com quem só ouve o que quer e da forma que lhe convém, diminuindo-nos por conta da diversidade de opiniões. Esses definitivamente não merecem nem mesmo nossa presença.

Pensar Contemporâneo

Um espaço destinado a registrar e difundir o pensar dos nossos dias.

Recent Posts

Raças de cães que necessitam de mais atenção e cuidados no cotidiano

Neste artigo, você confere um conteúdo informativo sobre quais raças de cães necessitam de mais…

1 dia ago

Como investir em práticas sustentáveis no seu negócio sem comprometer o orçamento?

Descubra como adotar práticas sustentáveis no seu negócio de forma econômica, com estratégias que equilibram…

1 dia ago

Alternativas para melhorar a alimentação no dia a dia

Comer bem diariamente pode ser um desafio. Confira dicas de como se alimentar melhor, com…

1 semana ago

6 truques para deixar o quarto das crianças refrescante durante o verão

Entenda como regular a temperatura do quarto das crianças no verão e garantir um sono…

1 semana ago

Dicas para superar a detecção de conteúdo de IA na escrita

Como escritor, costumo investir horas na elaboração de um conteúdo bem pesquisado. Sempre tento compartilhar…

1 semana ago

Ainda Estou Aqui: 5 coisas que você precisa saber antes de assistir ao filme nº 1 do Brasil em novembro

O filme brasileiro Ainda Estou Aqui chegou aos cinemas no dia 7 de novembro e,…

1 semana ago