Durante nossos anos escolares, muitos autores lusófonos entraram nas aulas de literatura. Os brasileiros, como Machado de Assis, estiveram lado a lado com Camões e Almeida Garrett, ambos de Portugal. Mas e os autores africanos? Existem cinco países, espalhados pelo continente africano, cuja língua oficial é o português , e mesmo que tivéssemos a oportunidade de conhecer alguma das suas literaturas – como a de Mia Couto, de Moçambique – onde estão as mulheres autoras?
Tem muita mulher incrível que já escreveu – ou ainda está escrevendo – em português e nem sabemos o nome delas. Então, pensando nesses mundos de possibilidades, selecionamos cinco autoras para você conhecer, uma de cada país lusófono da África.
1 – PAULINA CHIZIANE | MOÇAMBIQUE
Ganhadora do Premio Camões deste ano, a primeira mulher a publicar romance no país, Paulina Chiziane nasceu em 1955, na vila de Manjacaze, e tem dez livros publicados – apenas três deles publicados aqui no Brasil. A sua carreira de escritora iniciou-se nos jornais, em 1984, onde publicou os seus primeiros artigos, e depois mudou-se para a literatura com o seu primeiro livro, “Balada de Amor ao Vento”, publicado em 1990.
Embora não se descreva como feminista, como a autora sempre aponta nas entrevistas, um dos principais temas presentes em sua literatura são as condições das mulheres no país. À BBC Brasil , disse que lutar pelos direitos humanos, mais especificamente pelos direitos das mulheres , é o pano de fundo do seu trabalho, com temas como a realidade social de Moçambique, tradições e temas religiosos e, claro, a situação das mulheres. A poligamia, por exemplo, é um dos assuntos sobre os quais ela escreve, entre muitos outros.
2 – ANA PAULA TAVARES | ANGOLA
Nascida em 1952 na Huíla, Ana Paula Ribeiro Tavares é historiadora, com mestrado em Literatura Africana, que já publicou oito livros, um deles disponível no Brasil. Agora vive em Portugal, onde é professora e investigadora na Universidade Católica de Lisboa, trabalho que divide com a carreira de escritora.
“Ritos de Passagem” foi o primeiro livro publicado pela poetisa, que já declarou a arte brasileira, da literatura à música, uma de suas influências, com Clarice Lispector, Lygia Fagundes Telles, Elis Regina e Tom Jobim. Além disso, os aspectos culturais de sua cidade natal, lado a lado com os fatos políticos e sociais que presenciou, estão sempre presentes em seu trabalho.
Como Chiziane, sua escrita está repleta de elementos culturais sobre as condições das mulheres , que entre as representações do cotidiano de seu país, dialogam com a construção de uma identidade nacional, como sugerem alguns trabalhos e análises dos livros de Tavares.
3 – ALDA ESPÍRITO SANTO | SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE
Alda Neves da Graça do Espírito Santo foi uma das protagonistas da história política de São Tomé e Príncipe e também autora do seu hino nacional. Nasceu em 1926, morreu em 2010 e, durante toda a vida, usou a escrita como arma política. Desde os tempos de estudos em Portugal até aos últimos dias de vida, passando por todos os cargos políticos em São Tomé e Príncipe, como ministra da educação, cultura e informação, deputada, presidente da Câmara Municipal, Fórum das Mulheres São-tomenses ( Fórum das Mulheres) e União de Escritores e Artistas (União de Escritores e Artistas).
As obras, poemas ou narrativas capixabas, sempre trouxeram temas políticos, como a condição das mulheres em seu país, a colonização portuguesa e o nacionalismo. “A sua poesia foi importante para todo o movimento anticolonial em todos os países de expressão portuguesa”, disse o poeta Manuel Alegre, segundo o Diário de Notícias .
4 – ORLANDA AMARÍLIS | CABO VERDE
A condição da mulher também está presente nos livros de Orlanda Amarílis Lopes Rodrigues Fernandes Ferreira, mas a autora, de Cabo Verde, nascida em 1924 e falecida em 2014, enfocou outra perspectiva vivida pelas mulheres cabo-verdianas: a dos emigrantes, os que deixaram seu país de origem para viver no exterior. O autor de ficção começou a publicar em 1974, com sua obra – prima “ Cais-do-Sodré té Salamansa” , composta por sete contos que falam sobre racismo, noções de identidade, sexismo e solidão na visão dos emigrantes.
Escreveu em jornais e revistas, publicou três livros, teve seus contos incluídos em antologias e, como Amarílis também era licenciada em pedagogia e pedagogia, teve até três livros de literatura infantil publicados. Segundo o Diário de Notícias , ela é um dos maiores nomes da cultura cabo-verdiana. A autora é vista como uma líder, que ajudou a literatura de seu país a se modernizar e a acolher novas escritoras.
5 – ODETE SEMEDO | GUINÉ-BISSAU
Maria Odete Soares da Costa Semedo, nascida em Bissau em 1959, é professora universitária – que fez o doutorado aqui no Brasil, pela PUC – Minas Gerais – e já publicou três livros de poesia e dois livros de contos, entre outras produções. A sua literatura está repleta de elementos políticos , como a procura contínua de um sentimento de identidade, porque a Guiné-Bissau só se tornou independente em 1974, e também tudo o que daí resultou.
Semedo já foi ministra da Educação do seu país e reitora da Universidade Amílcar Cabral, única escola pública da Guiné-Bissau, em 2013.
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