Ana Maria Machado (1941) é escritora e jornalista brasileira. Autora de livros infantis foi a primeira desse gênero a fazer parte da Academia Brasileira de Letras. Foi eleita para a presidência da Academia para o biênio 2012/2013.
Ana Maria Machado nasceu em Santa Tereza, Rio de Janeiro, no dia 24 de dezembro de 1941. Filha de Mário de Sousa Martins, jornalista e político, e de Diná Almeida de Sousa Martins. Ana é irmã do jornalista Franklin Martins. Desde criança era apaixonada por histórias que ouvia de seus pais e de sua avó. Quando aprendeu a ler, antes dos cinco anos de idade, tornou-se uma leitora assídua.
Ana Maria Machado foi aluna do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e do MOMA de Nova Iorque. Iniciou sua carreira como pintora, participou de exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior. Em 1964 formou-se em Letras Neolatinas na Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil. Fez pós-graduação na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Ana Maria Machado escreve poesias, contos, romances; para o público infantil, jovem e adulto. A sua pluralidade garantiu uma carreira literária vasta, com mais de cem livros publicados, mais de vinte milhões de exemplares vendidos, publicados em vinte idiomas e 26 países. Abaixo você vai conhecer 5 poesias de Ana Maria Machado, que fazem parte do livro Sinais do Mar:
- Estrelas
Cinco pontas
cinco destinos
são areias tontas
de desatinos
Cinco sentidos
cinco caminhos
grãos tão moídos
por mares e moinhos
Estrela-guia
em alto mar
outra Maria
veio me chamar
2.
Cabeça de palavras povoadas
Conversas de amplidão imaginada
Mas que leitura tanto poderia?
Cheiro salgado a entrar pelas narinas
E a dança leve de algas submarinas
Sal azul, movimento de água fria
O que se leu mostrava o infinito
Só não se imaginava tão bonito
Tão pleno de surpresas e imprevistos
Mesmo em tantasbelezas celebradas
Por todas as palavras encantadas
Por mares nunca dantes entrevistos
- Primeiro mar
Tantas páginas lidas muito antes
Tantos livros que enchiam as estantes
Tantos heróis a povoar os sonhos
Tantos perigos, monstros tão medonhos
Nos tempos sem tevê e sem imagem
Palavras fabricavam paisagem
Tesouros, mapas, ilhas tropicais,
Argonautas, recifes de corais,
Perigos na neblina entre rochedos,
Vinte mil léguas cheias de segredos.
Histórias de naufrágio e abordagens,
Ulisses, Moby Dick, mil viagens,
Robinson, calmarias, um motim,
Descobertas, veleiros, mar sem fim.
- Maresia
Brisa na restinga
traz maresia
a onda respinga
a gota suspira
o ar que se inspira.
Nariz abre a asa
narina é casa
de aroma morar.
É o lar que inspira
é o mar que respira.
- Naus e Nós
Naus
saem de Sagres
e deixam infantes,
partem de portos
e deixam mortos,
sangram amores
e rumam ao longe.
Singram
águas salgadas
algas sargaças
a pouco nós.
Lonas e telas
pranchas e cascos
cordas e cabos
rangem e puxam,
fazem e desfazem
nós.
Velas sem vento
almas sem calma
encalham em sargaços
nas águas salgadas.
Algumas naufragam
soçobram em escolhos
só sobram sem escolha,
sem escolta,
poucas naus
– e nós.
Adaptado de Livro & Café