A presença dos anjos, seres quase tangíveis em sua natureza metafísica, vagueia entre os homens apressados que, muitas vezes, ignoram sua existência. Esses seres, testemunhas eternas da solidão divina, contemplam os humanos como criaturas maravilhosamente imperfeitas, capazes de experimentar a plenitude das emoções em um único dia. Tais emoções incluem a alegria e a dor, elementos que os anjos julgam fundamentais para a compreensão da essência humana.
Em “Asas do Desejo,” obra cinematográfica magistral de Wim Wenders, os anjos são retratados como entidades atormentadas, expulsas do Paraíso e em busca de reabilitação. Para alcançar essa redenção, eles devem renunciar à sua imortalidade. O filme, uma colaboração entre Wenders e o dramaturgo alemão Peter Handke, tece uma narrativa rica em metáforas, explorando um mundo onde o amor, apesar de essencial, é muitas vezes perseguido e repudiado em nome de crenças divinas.
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Os anjos de “Asas do Desejo” observam as decisões humanas do alto, dos ombros das estátuas de bronze da Berlim dividida pelo Muro ou dos pináculos das catedrais. No entanto, eles são instados a manter um olhar afetuoso, sem jamais interferir no destino ou nas escolhas da humanidade. Essa perspectiva oferece uma primeira pista para compreender o sofrimento daqueles que testemunham a vida sem participar ativamente dela.
A trama se desenrola em torno de um circo, onde a mágica da existência se entrelaça com o árduo trabalho necessário para realizar o espetáculo. O protagonista, Damiel, interpretado brilhantemente por Bruno Ganz, se apaixona pela trapezista Marion, interpretada por Solveig Dommartin. O amor impossível entre eles é explorado com lirismo duro, levando a um desfecho que ressoa até os dias atuais.
A escolha entre viver uma grande paixão ou perseverar em sua missão celestial torna-se o dilema de Damiel. A cinematografia de Henri Alekan, predominantemente em preto e branco, ganha cores quando os olhares curiosos dos personagens tomam conta da história. Em “Asas do Desejo,” a fotografia é uma ferramenta narrativa poderosa que destaca a dualidade entre o celestial e o terreno.
O filme, repleto de simbolismos acessíveis e profundos, convida o público a despertar seu lado “anjo,” muitas vezes esquecido em meio aos desafios da vida. Wim Wenders, por meio de sua obra-prima, nos lembra da capacidade de enxergar além das limitações da realidade, algo que, talvez, tenhamos perdido desde a inocência da infância. “Asas do Desejo” está disponível no Prime Video, oferecendo uma experiência cinematográfica que transcende o tempo.
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Fonte: Plano Crítico