O filme “A Baleia”, drama psicológico americano de 2022 dirigido por Darren Aronofsky e escrito por Samuel D. Hunter, baseado em sua peça de mesmo nome de 2012, conta a história de redenção de um professor que pesa 270 quilos e convive com um luto recorrente.
A produção é estrelada por Brendan Fraser, Sadie Sink, Hong Chau, Ty Simpkins e Samantha Morton. Na trama, Charlie é um professor de inglês reclusoque tenta restaurar seu relacionamento com sua filha adolescente.
“The Whale” estreou no 79º Festival Internacional de Cinema de Veneza em 4 de setembro de 2022, e teve um lançamento limitado nos cinemas nos Estados Unidos em 9 de dezembro, antes de um amplo lançamento em 21 de dezembro, pela produtora A24.
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Logo após o lançamento, o filme polarizou a crítica, embora as atuações do elenco, particularmente as de Fraser e Chau, tenham recebido elogios.
Ele arrecadou US$ 43 milhões contra um orçamento de US$ 3 milhões. Por sua atuação, Fraser ganhou o prêmio de Melhor Ator no Oscar, além do Critics’ Choice Awards e o Screen Actors Guild Awards.
No entanto, ao invés de ser festejado, “A Baleia” tem sido duramente atacado por segmentos da crítica especializada e também por ativistas gordos devido ao “fat suit”.
Trata-se de uma técnica que usa enchimentos, máscaras e maquiagem para transformar atores magros em personagens gordos. A equipe do filme “A Baleia” se vangloriou de ter trabalhado cerca de 7 horas diárias para transformar Brendan Fraser em Charlie e até ganhou um Oscar por isso. No entanto, ativistas gordos argumentam que uma pessoa gorda deveria ter sido escolhida para o papel, comparando essa prática ao “blackface”, que escurece pessoas brancas para representar personagens negros.
As técnicas de caracterização em geral têm sido criticadas há anos, pois o cinema e a indústria audiovisual em geral dependem da caracterização de personagens, seja emagrecendo, engordando, ganhando músculos ou tornando atores excessivamente magros para papéis específicos.
No entanto, a questão do filme “A Baleia” não para por aí. A desumanização do personagem Charlie e a reiteração de estereótipos gordofóbicos presentes no filme são um grande problema, que deve ser amplamente discutido. Desde o seu lançamento, o filme tem sido criticado como gordofóbico.
Alguns argumentam que o cinema não precisa fazer trabalho de conscientização ou ser “politicamente correto”, mas isso é um ponto de vista discutível.
Em igual medida, todos sabem que o diretor Darren Aronofsky nunca foi um cineasta sutil. Vide seus filmes “Réquiem Para um Sonho” (2000) e “Cisne Negro” (2010) – ambos bastante fortes e que levam seus personagens ao extremo.
De toda forma, contar uma história em 2023 sobre uma pessoa obesa reforçando certos estereótipos não agrega. E o incômodo pelo simples incômodo, sem leva a narrativa adiante e com muitos clichês, pesa contra a produção de “A Baleia”.
“Sair do cinema tendo a certeza de que pessoas só são gordas porque comem demais, que pessoas gordas escolhem ficar isoladas e que pessoas gordas não querem se cuidar, pode ser a consequência de ter uma história fictícia criada por pessoas magras”, afirmou a jornalista e ativista Naiana Ribeiro em um post contudente no Instagram, onde destaca o reforço dos estereótipos contra as pessoas gordas.
“‘A Baleia’ não é inspirada em história real. Retrata a vida de um homem que passa por dificuldades que pessoas gordas também passam, mas quem estuda gordofobia acha o filme um desserviço”, complementa ela.
Já o jornalista Renan Guerra pontua onde o filme se perde na tentativa de ser ‘incômodo’. “O fato é que a forma como ‘A Baleia’ filma esse corpo gordo caminhando, comendo e existindo é da maneira mais animalesca e desumanizada possível, reforçando certas construções bem problemáticas, de um jeito que é feito basicamente pelo choque estético e visual – aquela sanha de dizer ‘olha como eu sou visceral’.”
“Para além disso, em todas as vezes em que o filme toca em tópicos delicados, é tudo feito de forma rasteira: suicídio, saúde mental e sexualidade são tratados de maneira porca”, lamenta Renan.
Brendan Fraser, em sua defesa, afirma que trabalhou com a Coalizão de Ação sobre Obesidade antes do filme e também consultou pessoas que passaram por cirurgia bariátrica para perda de peso. Sobre a controvérsia, o ator disse ao LA Times que respeita aqueles que não concordam com os objetivos e métodos do filme, mas acredita que não há má intenção no filme. Ele afirma ter procurado saber se havia feito algo de errado e a resposta que recebeu da Coalizão de Ação sobre Obesidade foi para continuar fazendo o que estava fazendo.
Alguns defendem que a escolha do personagem é do diretor e dos roteiristas e que o personagem retratado é um homem obeso mórbido que luta contra seus problemas de saúde física e mental. A escolha é deles, assim como a escolha do Oscar em premiar, dos jornalistas em criticar e do público em optar por outros filmes.
De qualquer forma, o filme “A Baleia” traz à tona uma discussão importante sobre gordofobia e a representação de personagens obesos na sociedade e na indústria audiovisual. É importante continuar discutindo esses temas para evoluirmos como sociedade e melhorarmos a representação de personagens de diferentes tipos corporais.
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Fonte: CNN
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