Artigo traduzido e adaptado de La Mente es Maravillosa
Que impressão você gostaria de deixar quando tudo acabar? Às vezes bate
aquela sensação de que não temos o controle. Parece que somos um grande
ônibus seguindo as indicações dos passageiros que nos acompanham na
viagem. Acatamos decisões que as pessoas nos recomendam e acabamos por
tomar outra direção, bem diferente da que tomaríamos se seguíssemos a
intuição dos nossos valores.
A insegurança é uma bagagem que pesa demais, pesa no corpo e aprisiona o
espírito, arranca a liberdade, o gosto por ser livre. O inseguro quase nunca está
certo de suas decisões e se torna dependente de que outros as tomem por ele.
Nisso a vida vai passando, o tempo correndo veloz sem esperar por ninguém.
Porque o tempo não espera, a vida não estaciona a esperar que façamos
nossas escolhas com calma.
E é por saber que tudo está em movimento, que a vida corre a galope, que
optamos rápido pelo caminho que nos parece mais ideal aos nossos propósitos.
E nisso, independente do resultado, de alguma forma já estaremos perdendo
alguma coisa, porque toda escolha implica numa perda, mas nos daremos por
satisfeito se os ganhos superarem a perda. E isso é bom quando a decisão
partiu da gente, quando não nos orientamos apenas pelas vozes do senso
comum, quando não apenas seguimos as placas indicadoras deixadas por
outros.
Você é quem melhor sabe o que é melhor para você, mas a pressão que vem de
fora quer te fazer acreditar que não, que o caminho padrão traçado pela
sociedade é que é por onde você deve trilhar. Sair desse caminho, tentar uma
trilha alternativa, tem um preço que a maioria não está disposta a pagar. Você
está disposto a pagar? talvez esteja, talvez não; pode ser que se atraia mesmo
pelo convencional, por seguir no estouro da boiada ainda que tenha que
sacrificar seus valores.
Para começar, um valor não é um resultado em si mesmo, não é um objetivo; um
valor não se esgota, está sempre ali. Os valores definem as palavras que você
vai usar para moldar o argumento de sua vida: aceitação, persistência, ordem,
conformidade, imparcialidade ou intimidade. Uma longa lista composta de
direções que permite decidir quais metas são as que realmente importam.
Portanto, uma vida valiosa é o resultado de agir a serviço do que você realmente
valoriza. O problema é que muitas vezes não sabemos identificar quais são
esses valores e como eles se relacionam com nossas áreas vitais. São nove as
principais áreas que compõem a nossa vida: relações familiares, relações
íntimas ou de casal, relações sociais, trabalho, educação, lazer, espiritualidade,
cidadania e saúde.
“A maturidade é alcançada quando uma pessoa adia prazeres imediatos por
valores de longo prazo”
-Joshua Loth Liebman-
Para cada área damos um nível de importância e em cada um agimos de forma
diferente para resolver os obstáculos que surgem. No entanto, o caso é que
muitas vezes as soluções que implementamos não coincidem com nossos
princípios. É por isso que fazemos coisas que nos arrependemos ou
bloqueamos ao tomar decisões. Tudo isso nos leva a nos sentirmos
sobrecarregados, exaustos ou perdidos.
Bronnie Ware, uma enfermeira canadense, coletou ao longo de vários anos os
últimos arrependimentos de seus pacientes na unidade de cuidados paliativos.
Um artigo publicado mais tarde pela Harvard Business Review corroborou isso,
há cinco lamentos comuns que se repetem em pessoas que vão morrer:
• Eu gostaria de ter vivido uma vida fiel a mim mesmo e não o que os outros
queriam.
• Eu gostaria de não ter trabalhado tanto e ter tido mais tempo com meu parceiro
e minha família.
• Eu gostaria de ter tido a coragem de expressar meus sentimentos.
• Eu deveria ter contatado mais com meus amigos.
• Eu gostaria de ter me feito mais feliz.
As pessoas se arrependem de perder as rédeas de suas vidas, de terem
perdido tempo com seus entes queridos, não tendo se expressado para evitar
conflitos com os outros ou por medo. Somos pegos em um conformismo
medíocre. Nós enjaulamos nossa rotina e deixamos de lado o tempo e o esforço
que merecem o que realmente importa para nós.
A felicidade é uma escolha, o medo da mudança nos prende a hábitos que não
produzem satisfação. Passamos mais tempo fazendo os outros acreditarem que
somos mais felizes do que realmente somos.
Pense que a chave está em antecipar essa frustração, encontrar nossos valores
e estabelecer objetivos que deem sentido às viagens que escolhermos. Os
profissionais da psicologia ajudam as pessoas a passar da fala para a ação. O
primeiro passo é identificar seus valores e sua hierarquia com base no momento
vital em que você se encontra.
A partir daí, metas de curto e longo prazo são estabelecidas. Ou seja, os valores
formarão os pilares sobre os quais estaremos estabelecendo objetivos ao longo
do tempo. Objetivos que realmente nos dão sentido e com os quais teremos a
oportunidade de nos aperfeiçoar e nos sentirmos confortáveis.
Mais tarde, concretizaremos e planejamos esses objetivos em ações. Esta é a
parte que dá mais medo por causa das dificuldades que antecipamos. Fazer
mudanças nos causa insegurança e queremos fugir para evitar enfrentá-las. Da
psicologia trabalhamos ao longo do processo para superar obstáculos e
barreiras. Pense que não há bem-estar maior do que o alcançado por meio de
escolhas próprias.
“Abra seus braços para mudar, mas não deixe seus valores”
-Dalai Lama-
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