Hélio Haus é um aposentado de 80 anos que hoje pode aprender o estilo de dança que sempre sonhou, mas nunca sequer teve chance praticar em toda sua vida, o balé.
“Eu me sinto vivo, atuante, fazendo alguma coisa que eu sempre quis fazer. É um pouco tarde, sim, mas não tarde demais“, descreve o idoso com amor ao seu estilo de vida.
Praticando 5 aulas por dia, uma delas sendo de um módulo de balé clássico com mais de meio milênio de existência, a dança italiana, Seu Hélio chega por volta das 9h a uma academia da Glória, no Rio de Janeiro (RJ), onde inicia os alongamentos.
Da turma de 7 alunos, o “jovem idoso” é o único que apresenta cabelos brancos e as vivencias deixadas pela idade. Com sua meia-calça e sapatilha preta, Hélio participa das aulas desde os 75. Sem filhos e aposentado há cerca de dez anos, ele além de realizar um sonho antigo, visa também melhorar a saúde.
“Eu não quero ser refém de consultório, eu não acho engraçado nenhum tipo de remédio, doença, nada”, contou. “Eu quero ter saúde, e isso pra mim também é saúde.”
Morador de Copacabana, ele tirava seu sustento da venda toalhas de banho nas ruas da zona oeste carioca. É formado em direito, porém nunca chegou a exercer na área de advocacia.
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5 anos após a aposentadoria foi quando decidiu resgatar o sonho originário do seu gosto pelo teatro: “A gente não chega um belo dia, acorda e diz: ‘Vou fazer balé’. Tem uma história. Eu sempre gostei, sempre frequentava o Theatro Municipal. Mas não tinha coragem, a vida biológica e a emocional não andam juntas. Tive que fazer minha vida e quando adquiri estabilidade disse: ‘É agora’.”
Sua professora, Camile Salles, foi quem fez com que a história de Hélio se tornasse popular. Em uma publicação em seu perfil no Facebook que o exibia focado nas aulas, a dançarina contou um pouco sobre o treino puxado feito por ele, rendendo cerca de 10 mil interações em menos de dois dias.
“Ele nem viu que eu tirei essa foto, não foi planejada e ficou muito bonita, expressiva. De repente, me deparei com uma publicação de muito amor, as pessoas muito inspiradas. Foi uma coisa louca, inspiradora. Eu li vários comentários, porque ele não tem Facebook, e escolas de dança do Brasil inteiro mandaram um beijo, disseram que ele era uma inspiração”, disse Camile.
“Acho que aquela foto traduz muita coisa. Traduz uma pessoa idosa, mas extremamente jovem. Alongada, concentrada, que gosta do que está fazendo. Foi um grande encontro, uma história linda de vida, uma boa imagem e um texto”, completou a professora.
Seu Hélio, ao ser questionado sobre a grande quantia de aulas em apenas um dia, explica que: “Tem que fazer bem feito, a repetição dá o resultado de tudo. Balé é a busca do movimento perfeito, da harmonia. Tem que ter muita dedicação“.
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Fonte: RPA
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