Por Joilson K. Rodrigues
Chadwick Boseman, protagonista do filme Pantera Negra, (grande sucesso de público e crítica), fez uma demonstração pública de gratidão ao revelar que contou com a ajuda do ator Denzel Washigton para cursar uma faculdade na Universidade de Oxford.
Boseman, de 41 anos, disse que sem o apoio de Denzel, teria sido bem complicado realizar esse projeto, visto que vivia tempos difíceis e não tinha grana para bancar a faculdade.
“O Denzel pagou para mim”, disse Boseman em entrevista exibida no programa do apresentador Jimmy Fallon.
Na estreia do filme Pantera Negra, Chadwick convidou o seu benfeitor, que aceitou comparecer. Lá o ator agradeceu Denzel, e este, em tom de brincadeira disse: ‘Oh, então é por isso que estou aqui, você me deve dinheiro!’
Um gesto que aparentemente não custa quase nada para alguns, mas que para outros, esse aceno, pode significar a diferença entre sucesso e fracasso. O mecenato* não é mais uma prática habitual; os mecenas de hoje são as próprias famílias dos artistas, quando podem.
Mas não apenas no caso de artistas esse gesto pode significar a diferença; jovens pobres de tudo quanto é área agradeceriam muito se pudessem contar com a sorte que teve o ator Chadwick Boseman.
O que altera na conta de quem tem milhões se ele se dispuser a pagar um curso universitário para alguém? Nada. Em algum lugar, nesse exato momento, alguém está comprando algo que nem precisa por um valor muitas vezes superior a uma mensalidade de qualquer curso. E qual é a vantagem disso? mostrar que pode, ostentar, satisfazer uma inquietação pessoal, ganhar status, sei lá.
Denzel e outra galera, que já chegaram ao topo, promovem esse tipo de auxílio. Nada demais para quem tem milhões, que seria também nada demais para quem tem apenas milhares. Quanta gente não faz isso sem ter sequer meio por cento do que cada um dessa turma tem? O gesto virou destaque na imprensa porque envolve um ator consagrado e um pupilo se consagrando.
É preciso acudir as vítimas das guerras, acudir os refugiados, acabar com a fome do mundo, salvar o planeta, enfim, gritar alto e fazer muito barulho para despertar as instituições e governos, que são quem podem dar um jeito nisso. Depois de gritar e bater panelas, vamos às compras, estômagos cheios e braços fortes para carregar a multidão de sacolas com produtos caros (muitas vezes produzidos por escravos); Eu compro, você compra, todos nós compramos supérfluos que servirão apenas para entulhar nossos armários. É que o valor real não está na serventia do produto, mas no status que ele nos proporciona.
Todos nós sabemos disso, (quase) todos nós praticamos isso, como se fôssemos todos marinheiros enfeitiçados pelo canto da sereia (leia-se mídia, capitalismo, consumismo, enfim, o que quiser). Bom seria se o gesto de promover a formação de alguém, seu sucesso, sua conquista dos sonhos, causasse nas pessoas as mesmas sensações de bem estar que causa quando se gasta com futilidades caras.
Parabéns a ambos os atores e a todos que promovem esse tipo de coisa.
*Mecenato é um termo que indica o incentivo e patrocínio de artistas e literatos, e mais amplamente, de atividades artísticas e culturais. O termo deriva do nome de Caio Mecenas (68–8 a.C.), um influente conselheiro do imperador Augusto que formou um círculo de intelectuais e poetas, sustentando sua produção artística.
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