Mais de doze meses após se tornar o pioneiro receptor de um transplante parcial de coração, um bebê continua a apresentar notável progresso. Os tecidos cardíacos transplantados persistem funcionando de forma exemplar e acompanham o crescimento natural do corpo da criança, afirmaram os profissionais médicos envolvidos no caso.
O procedimento inovador foi conduzido no Duke Children’s Hospital & Health Center, em Durham, durante a primavera de 2022, quando o pequeno Owen Monroe tinha apenas 18 dias de vida. O motivo por trás do transplante era uma malformação cardíaca diagnosticada antes de seu nascimento, que resultava em um único grande vaso sanguíneo para a saída do sangue do coração, ao invés dos dois menores encontrados normalmente nos corações humanos.
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Esta condição acarretava em um aumento na quantidade de sangue direcionada aos pulmões, dificultando a respiração e limitando o fluxo sanguíneo para o restante do corpo. Além disso, o único vaso de saída de Owen estava com vazamento, agravando ainda mais o quadro.
Tradicionalmente, o tratamento para tal malformação demandaria um transplante completo de coração, implicando em longos períodos de espera por um doador compatível ou em implantes de válvulas cardíacas que não acompanhariam o crescimento do bebê. Esses implantes, geralmente obtidos de doadores falecidos, precisam de substituições frequentes, aumentando os riscos das cirurgias subsequentes.
Frente a essas opções, os médicos, juntamente com os pais de Owen, optaram por uma alternativa inovadora: o transplante parcial de coração, uma técnica até então testada somente em animais, como porcos. A decisão, até o momento, tem se mostrado acertada, revelando resultados promissores, conforme destacado pelo chefe de cirurgia cardíaca pediátrica, Joseph Turek, em um comunicado oficial.
As válvulas e artérias usadas no transplante parcial de Owen foram provenientes do coração de uma recém-nascida que faleceu logo após o parto. Apesar da impossibilidade de realizar um transplante completo devido à saúde dos músculos cardíacos da doadora, suas válvulas de saída mantinham-se estruturalmente normais e com excelente funcionamento, conforme observações dos autores do estudo.
O procedimento, realizado ao longo de oito horas, possibilitou que Owen deixasse o hospital 30 dias após a cirurgia, necessitando de doses menores de medicamentos imunossupressores do que o habitual em transplantes cardíacos integrais. “Pacientes convencionais de transplante cardíaco costumam fazer uso de dois agentes para prevenir a rejeição do órgão”, explicou Turek em uma entrevista à CNN.
Desde então, as válvulas transplantadas de Owen têm crescido em conjunto com o resto do coração, mantendo um desempenho excepcional. O desenvolvimento da criança tem seguido um curso saudável, atingindo marcos típicos de sua idade, como engatinhar, manter-se em pé, explorar objetos e iniciar a comunicação por meio de sons. Desde o caso de Owen, outros 13 transplantes parciais de coração foram realizados em quatro centros médicos ao redor do mundo, evidenciando a expansão dessa técnica inovadora.
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Fonte: O Globo
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