Literatura

Boldrin se emociona e chora na “Crônica do Tempo”

Por Joilson K Rodrigues

Às vezes ainda não é tempo; às vezes já foi o tempo. As frutas de época sabem exatamente quando é tempo de estarem prontas; o lavrador também conhece cada curva que compõe o tempo, sabe quando é tempo de plantar e quando é a vez de colher. Mas até mesmo o sábio lavrador pode não acertar o tempo para outras coisas que exigem o tempo certo. Ora, pode amar a camponesa certa, no tempo errado; noutras, seu amor pode florescer no tempo certo, como flores de época, mas não se encaixar no tempo da pessoa amada. O tempo de uma coisa pode não ser o tempo de outra, mesmo quando as duas precisam se combinar em algum ponto do tempo. Se perder o ‘time’, o tempo, já era.

A gente pode tirar mais do que lágrimas desse poema de Rolando Boldrin. A história triste e trágica do homem desacertado com o tempo, tem uma moral que nos alerta para a nossa frágil capacidade de controlar o tempo. Ainda é cedo demais para algumas coisas: cedo para as meninas e meninos se prenderem nas armadilhas das paixões, cedo demais para morrermos, muito cedo ainda para desistirmos dos sonhos. Ou pode já ser tarde, muito tarde; talvez você esteja demorando demais a se levantar para conquistar o mundo, conquistar seus sonhos. Talvez você se atrase, talvez eu já esteja atrasado também.

Ainda dá tempo pra quê? Seja lá para o que for, deve ser bom correr e aproveitar. Talvez dizer um eu te amo, ainda seja tempo; ou tempo de sorrir e agradecer, tempo ainda para perdoar ou nos perdoar de nossas falhas, nossas mágoas, tempo de se desfazer dos rancores. Tempo de se calar e só escutar, e entender que não precisamos entender nada do outro. Tempo ainda também para falar; e que sua fala, ainda que seja de palavras duras, tenha apenas a intenção de reerguer quem precisa dela naquele momento, nesse tempo.

Os velhos, que já não têm mais tanto tempo, sabem o valor que tem o seu tempo, por isso não abusam em lhe pedir uma lasquinha, um tantinho só que venha embrulhado em um abraço, um afago de gratidão, muitos sorrisos. Não se atrase, pode ser muito tarde, ou terá bastante tempo para remorsos.

Assista ao vídeo e se emocione também com a declamação desse maravilhoso poema de Rolando Boldrin, por ele mesmo.

 

Pensar Contemporâneo

Um espaço destinado a registrar e difundir o pensar dos nossos dias.

Recent Posts

Bebê passa por cirurgia para remover metade do cérebro com apenas 4 semanas de vida – entenda o motivo

Em novembro de 2023, Andalusia Mesa e seu marido Charles receberam seu filho Caper, com…

3 dias ago

O filme da Netflix em dezembro que cura qualquer coração cansado e eleva o espírito em 100 minutos

Se você está em busca de um filme que aqueça o coração e ofereça uma…

3 dias ago

Maratonista com câncer terminal alerta para que outras pessoas não ignorem pequeno sintoma que ele sentiu

Lee Rawlinson, um maratonista apaixonado e representante de vendas médicas de 51 anos, recebeu uma…

5 dias ago

Comissária de bordo revela por que você nunca deve usar shorts em um avião – e o motivo vai te surpreender

Se você é do time que adora viajar de shorts para ficar mais confortável, talvez…

5 dias ago

Jennifer Lawrence rouba a cena em filmaço de suspense que todo mundo está assistindo no streaming

Se tem um filme que mostra como tensão e drama podem andar de mãos dadas,…

1 semana ago

O novo romance da Netflix em dezembro para respirar fundo, sorrir e aquecer o coração; veja trailer

Em dezembro, a Netflix traz uma história que vai emocionar e provocar reflexões sobre o…

1 semana ago