Suzana Camargo / Conexão Planeta
Como já falamos em outra reportagem aqui no Conexão Planeta, em 2016, muitas pessoas não sabem exatamente qual é a espécie de peixe que está no seu prato. Em diversos lugares do Brasil, o cação é uma opção muito popular, principalmente por ter um preço mais em conta. Todavia, o que comumente chamamos de cação são os peixes cartilaginosos, de porte pequeno e médio, como raia e tubarão.
Segundo a organização Sea Shepherd Brasil, nosso país é atualmente o maior importador e consumidor de carne de tubarão do mundo. Mas infelizmente, não existe nenhuma legislação que exija a rotulagem correta desses alimentos, informando, por exemplo, qual espécie de tubarão e raia está sendo vendida. O que acaba acontecendo é que se compra o peixe apenas como ‘cação’ ou então, algumas vezes identificado erroneamente como tubarão-azul (Prionace glauca). E com isso, muitos brasileiros estão consumindo espécies criticamente ameaçadas de extinção e com comercialização proibida, como os tubarões-martelo e raias-viola.
Para chamar a atenção sobre esse problema e alertar consumidores sobre suas escolhas na hora de comprar peixes, a Sea Shepherd lançou a campanha “Cação é tubarão”.
“Aqui [no Brasil] a indústria pesqueira internacional encontra um forte comércio desses peixes, muito apreciados por não possuírem espinhas e ter preço acessível. Existem estudos que dizem que mais de 70% das pessoas não sabem que o ‘cação’ é carne de tubarão – e muitas vezes, este é vindo de fora”, ressalta Nathalie Gil, diretora de desenvolvimento da Sea Shepherd Brasil.
A organização destaca ainda que o tubarão é um animal de topo de cadeia e que sua morte gera um desequilíbrio em todo ecossistema marinho.
A campanha informa também que a carne de tubarão pode ser danosa para a saúde. Como é um predador, por um processo de bioacumulação, ele agrega metais pesados, que ingeridos além da conta, podem se tornar nocivos
Outra ação que faz parte da campanha “Cação é tubarão” é o registro fotográfico de tubarões e raias em desembarques (portos/ feiras litorâneas, pescas artesanais) e coleta de amostras para análise genética em pelo menos 20 cidades do Brasil. Será realizado ainda um um estudo científico para mapear a extensão do comércio da carne desses animais e assim identificar exatamente quais espécies são vendidas no país.
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