A frase “é preciso conhecer para proteger” é uma máxima da conservação que guia inúmeros trabalhos de educação ambiental e divulgação científica. Para nós brasileiros, o desafio é grande, afinal, o país abriga a maior biodiversidade do Planeta.
No caso dos insetos, grupo de animais mais diverso do mundo, o desafio é ainda maior. Por isso, pesquisadores do Instituto Biológico de São Paulo, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), criaram o “Planeta Inseto”, o único Jardim Zoológico de insetos do Brasil e América Latina, autorizado pelo IBAMA.
“O conceito de Jardim Zoológico é bem parecido com um museu, porém a coleção em exposição é de animais vivos. No ‘Planeta Inseto’ os animais estão em terrários e caixas plásticas, com água e alimento disponíveis, além de abrigo”, explica o biólogo e educador do museu, Mário Kokubu.
Criado em 2010, depois do sucesso de uma exposição temporária, o museu abriga hoje espécies vivas de abelhas, formigas, bichos-pau, bichos-da-seda, baratas e besouros. “Uma das atrações da exposição é, inclusive, a interação dos visitantes com algumas espécies de insetos, como o bicho-pau, bicho-da-seda e baratas gigantes”, conta o especialista, que destaca a importância dessa proximidade com os animais.
“O objetivo da exposição é desmistificar os insetos para as pessoas, tirando aquela impressão de que são nojentos, que transmitem sujeira ou doenças e que são um problema. Na verdade, os insetos estão relacionados a diversos processos naturais, como a polinização, reciclagem de matéria orgânica e incorporação de nutrientes no solo”, completa.
A coleção de espécies conta ainda com exposições entomológicas de besouros que chamam atenção pelas características morfológicas, como o Titanus giganteus, maior espécie de besouro do mundo; e o besouro-hércules, que pode empurrar cargas até 850 vezes mais pesadas que o próprio corpo. “Temos também a jequitiranaboia, uma espécie de cigarra que parece ter a cabeça de réptil e a vespa-caçadora, que captura aranhas para servir de alimento à sua larva”, finaliza Mário.
O museu chega a receber 25 mil pessoas por ano, mas, por conta da pandemia, as visitas migraram para o ambiente virtual.
O medo e o preconceito das pessoas com os insetos são extremamente prejudiciais, a começar pelo sacrifício desnecessário de vários indivíduos. Outro grande problema é a desinformação: você sabia que algumas espécies contribuem para a produção de alimentos?
Famosas polinizadoras, as abelhas cumprem o papel de operárias nessa grande “fábrica natural” através da transferência de células reprodutivas masculinas de uma flor (chamadas de pólen) para o receptor feminino de outra flor. É assim, através da fecundação entre as plantas, que ocorre a formação de frutos e sementes.
Diante de tamanha diversidade de flores , é possível imaginar a quantidade de abelhas necessária para realizar o processo. Por isso, a família é numerosa e se divide em várias subfamílias, com características únicas.
As abelhas da subfamília Meliponinae, por exemplo, são as abelhas indígenas sem ferrão. Encontradas na América do Sul, na América Central, na Ásia, nas Ilhas do Pacífico, na Austrália, na Nova Guiné e na África, vivem também no Brasil, onde há cerca de 300 espécies.
Diferente das abelhas sem ferrão, tidas como sociais, as espécies da família Euglossíneos costumam ser solitárias ou de hábitos sociais primitivos. Entre elas, destaca-se a Apis mellifera, as produtoras de mel mais conhecidas pela população: grandes e escuras, com listras amarelas, se adaptam com facilidade a diferentes ambientes, propolisando com abundância, principalmente em regiões úmidas.
Além de garantir o alimento, os insetos também são fundamentais na produção de algumas roupas que vestimos. O bicho-da-seda (Bombyx mori ) é o responsável pela produção do fio de seda utilizado na confecção de tecidos.
O material é produzido em uma das quatro fases de desenvolvimento do animal: ovo, lagarta (ou larva), pupa e adulto. É na etapa de construção do casulo (pupa) que a espécie libera uma substância que, em contato com o ar, dá origem ao fio.
Originalmente publicado em G1. Leia matéria completa AQUI
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