Com o aumento do interesse pelas Bitcoin e outras moedas criptográficas, muita gente passou a prestar atenção nas “blockchains” ou protocolos de confiança, a tecnologia de registro distribuído (Digital Ledger Technology ou DLT em inglês) que possibilita a existência destas moedas digitais. O motivo? A tecnologia tem o potencial de viabilizar mais do que apenas moedas digitais.
Embora a blockchain tenha recebido muitas críticas por seu impacto ambiental, especialmente por causa de seu mecanismo de “prova de trabalho”, ela tem potencial para impactar positivamente nosso mundo. Quando usada apropriadamente, ela pode facilitar uma mudança para sistemas descentralizados mais limpos e que conservam mais recursos. Ela pode desbloquear o capital natural ao mesmo tempo em que fortalece as comunidades. O crescente interesse em comprar Bitcoin é um reflexo do potencial transformador dessa tecnologia.
A blockchain pode ser usada em pagamentos internacionais, mercados de capitais, conformidade e responsabilidade regulatória, finanças comerciais, detecção e prevenção de lavagem de dinheiro, criptocassinos, seguros, e muito mais. Em toda a Europa, temos visto muitas iniciativas que utilizam o potencial da blockchain para realmente ajudar o meio ambiente. Curioso para saber quais são?
ClimateTrade
A ClimateTrade é uma plataforma de comércio de créditos de carbono baseada na tecnologia blockchain. Ela é sediada em Valência, na Espanha. Ela ajuda as empresas a atingir suas metas de descarbonização, financiando compensações de carbono verificadas e iniciativas de regulamentação climática ao redor do mundo.
As empresas podem usar o mercado para decidir onde gastar seus recursos ambientais, o que lhes permite selecionar as iniciativas mais atraentes para elas.
O primeiro mercado climático baseado em blockchain recebeu 7 milhões de euros e muito mais assinaturas do que o esperado no início deste ano. A meta é arrecadar mais 13 milhões de euros.
Single.Earth
A Single.Earth tem por objetivo ajudar na conservação dos ecossistemas atuais, tornando a conservação lucrativa para todos os proprietários. A ideia é tornar a preservação das florestas tão lucrativa quanto a sua destruição. Os proprietários de terras recebem pelo valor ecológico de sua propriedade pelo equivalente a 100kg de CO2 coletado por suas florestas, áreas úmidas ou outros ativos ambientais.
Fundada em Tallinn, na Estônia, em 2019, a empresa recebeu 8,1 milhões de euros até o momento, com a mais recente rodada de sementes liderada pela EQT, tendo também a participação da Icebreaker.VC.
Merit Valdsalu, o fundador e CEO da empresa, fez um discurso na EU-Startups Summit deste ano, trazendo ideias intrigantes sobre como a empresa está desenvolvendo uma economia sustentável baseada na natureza.
Twig
A Twig se define como um “banco de coisas” baseado em conceitos de economia circular. Ela possibilita aos clientes destravar valores de itens que não usam ou querem mais, e assim eles negociam ou vendem seus itens pra conseguir dinheiro rápido.
A empresa está fazendo incursões na Web3 ao desenvolver uma infra-estrutura de pagamento verde Web3. Além de simplesmente ajudar os consumidores a perceber o valor de seus produtos físicos em troca de dinheiro vivo, a Twig também permite que eles comprem moedas criptográficas e NFTs e ainda negociem seus produtos.
A Twig tem sede em Londres e foi fundada em 2021. Ela arrecadou um total de 41,4 milhões de euros e recebeu o credenciamento da B-Corp.
Circulor
A Circulor, outra empresa sediada em Londres, aproveita a blockchain e a inteligência artificial para diminuir o custo da prestação de contas e da pesquisa minuciosa nas cadeias de abastecimento de matérias-primas.
Os primeiros a aderir incluem montadoras de automóveis, fabricantes de baterias EV, comerciantes de commodities e mineiros, que procuram liderar o caminho para buscar formas mais eficazes de obter o que necessitam de maneira responsável.
O gerador de rastreamento da cadeia de suprimentos, assim como o rastreamento dinâmico de CO2, recebeu uma rodada de investimentos de 14 milhões de dólares da Série A em junho de 2021 para promover o crescimento explosivo da empresa.
Retraced
A alemã Retraced est usando a tecnologia blockchain para capturar dados em toda a cadeia de valor das marcas de moda, aumentando assim a transparência da cadeia de fornecimento.
Clientes individuais podem ver como o comportamento do consumidor afeta o ambiente e a vida das pessoas envolvidas em determinado produto. Isso porque as empresas utilizam tecnologia inovadora para verificar e otimizar sua cadeia de fornecimento.
Em fevereiro de 2021, a startup recebeu 1 milhão de euros (cerca de 5,4 milhões de reais) em investimento inicial da empresa VC Samaipata. O financiamento foi destinado a fortalecer a solução baseada na nuvem e fazer o negócio prosperar.
Coorest
A Coorest é um mercado descentralizado que permite aos participantes individuais e instituições compensar seu impacto de carbono. O objetivo é aproximar os mundos físico e digital, utilizando a tecnologia para beneficiar nosso planeta.
A Coorest vende NFTs chamadas NFTrees, que são utilizadas para compensar o excesso de emissões de CO2 através do plantio de árvores do mundo real. Sempre que uma árvore é plantada, o proprietário do NFTree recebe tokens iguais à quantidade de CO2 bloqueada. Esses tokens podem ser utilizados ou comercializados como compensações de carbono.
A Coorest também promove a agricultura comprando terras abandonadas e empregando novos agricultores para trabalharem nelas. A empresa iniciou operações em 2021.
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