Os estudantes chineses superaram de longe seus colegas internacionais em um teste de leitura, matemática e ciências, de acordo com os resultados de 2018 do Programa de Avaliação Internacional de Estudantes .
O teste, administrado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), foi aplicado a 600.000 jovens de 15 anos em 79 países. O objetivo é servir como um parâmetro de medição global para os sistemas educacionais em diferentes partes do mundo e dentro de condições socioeconômicas variáveis.
Os resultados mostraram que estudantes de quatro províncias da China – Pequim, Xangai e as províncias orientais de Jiangsu e Zhejiang – obtiveram a classificação de nível 4 mais alta em todas as três categorias. Os alunos nos EUA classificaram o nível 3 em leitura e ciências e o nível 2 em matemática.
O secretário-geral da OCDE, Angel Gurria, disse que o desempenho atual dos estudantes de uma nação prevê o potencial econômico futuro.
“A qualidade de suas escolas hoje contribuirá para a força de suas economias amanhã.”
No entanto, muitos países desenvolvidos não foram capazes de melhorar a qualidade da educação nas últimas duas décadas, embora “os gastos com educação tenham aumentado em mais de 15% apenas na última década”, afirma o relatório.
“É decepcionante que a maioria dos países da OCDE não tenha visto praticamente nenhuma melhora no desempenho de seus alunos desde que o PISA foi conduzido pela primeira vez em 2000”, disse Gurria.
O histórico socioeconômico desempenhou um papel importante nas pontuações dos testes, respondendo por 12% da variação no desempenho de leitura em cada país, em média. Mas os resultados também mostraram que os 10% mais pobres dos estudantes na China ainda superaram a média da OCDE. Isso talvez seja surpreendente para um país com uma renda média doméstica disponível líquida ajustada per capita que é cerca de três vezes menor do que a média da OCDE, de cerca de US $ 30.500.
Os resultados do PISA mostraram que 20 por cento dos americanos de 15 anos não lêem tão bem quanto deveriam aos 10 anos. Além disso, os resultados mostraram que o desempenho americano em leitura e matemática tem sido estável desde 2000. Isso sugere que iniciativas federais como No Child Left Behind e Common Core – que custaram bilhões de dólares federais e privados – não melhoraram a qualidade da educação nos EUA
Uma das descobertas mais surpreendentes foi que apenas 14% dos estudantes americanos foram capazes de distinguir com segurança o fato da opinião em testes de leitura. Por exemplo, um exercício pediu aos alunos que lessem dois textos: um artigo de notícias cobrindo pesquisas científicas sobre o leite e um relatório da International Dairy Foods Association. Os alunos foram então apresentados a várias afirmações sobre o leite e solicitados a julgar se eles estão lendo fatos ou opiniões. Por exemplo:
“Beber leite é a melhor maneira de perder peso.”
A maioria dos estudantes americanos foi incapaz de dizer que afirmações como essa representam opinião, não fato. Por quê? Um fator importante é a tecnologia, disse o relatório.
“No passado, os alunos podiam encontrar respostas claras e singulares para suas perguntas em livros didáticos cuidadosamente selecionados e aprovados pelo governo e podiam confiar que essas respostas eram verdadeiras. Hoje, eles encontrarão centenas de milhares de respostas para suas perguntas online e cabe a eles descobrir o que é verdadeiro e o que é falso, o que é certo e o que é errado “, disse o relatório. “Ler não é mais principalmente extrair informação; é construir conhecimento, pensar criticamente e fazer julgamentos bem fundamentados”.
Uma ex-professora, Elizabeth, de Portland, Maine, disse ao New York Times que acreditava que as novas tecnologias diminuíram a atenção dos alunos nas últimas décadas.
“Minha conclusão: a tecnologia nem sempre é nossa amiga”, escreveu ela. “Os laptops recém-chegados às nossas escolas eram tanto uma distração do aprendizado quanto uma ferramenta para o aprendizado.”
Nem sempre uma única estatística basta para divulgar um panorama exato da realidade. Na maioria das vezes, o procedimento mais comum é examinar diversos dados e estudos para compreender, de fato, o que está em jogo. Mas quem analisa o ranking de educação mundial elaborado pelo PISA 2018 — divulgado em dezembro de 2019 — se depara com um cenário preocupante: a amarga posição do Brasil.
Apesar de desalentadora, a situação traz novas perspectivas para o futuro. Afinal, se há uma questão unânime nesse resultado é que o país precisa investir (e muito) em educação. Não basta acompanharmos os avanços da era digital e os desafios que ela nos apresenta — é preciso adquirir competências para navegar nesse mundo novo.
O que é o Pisa, afinal?
Realizado a cada três anos, o Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) tem o objetivo de gerar indicadores que possam contribuir para a discussão da qualidade educacional nos países participantes. Assim, políticas de desenvolvimento para o ensino básico podem ser subsidiadas.
O programa também tem o propósito de verificar até que ponto as instituições públicas e particulares de cada nação estão preparando os alunos para exercerem corretamente seus papéis de cidadãos em nossa sociedade contemporânea.
Aspectos avaliados
As avaliações do Pisa analisam o desempenho escolar de alunos de 15 anos dos países participantes em três aspectos principais: leitura, matemática e ciências. Porém, uma dessas áreas cognitivas recebe maior destaque a cada edição do programa.
Em 2012, por exemplo, o foco foi em matemática; em 2015, ciências e, por fim, leitura em 2018.
Indicadores contextuais
Além de observar as competências de cada matéria, o estudo coleta informações para a composição de indicadores contextuais que permitam relacionar o desempenho dos estudantes a variáveis educacionais, socioeconômicas e demográficas. Esses dados são obtidos por meio da aplicação de questionários específicos a escolas, professores e alunos.
Ao final da pesquisa, os resultados podem ser utilizados pelos governos dos países participantes como ferramenta na definição e otimização de políticas educativas. Isso permite uma formação mais efetiva e a participação ativa dos jovens na sociedade.
Quando o assunto é avaliação educacional, o Pisa é uma referência mundial. Na edição de 2018, a pesquisa analisou 79 países, incluindo o Brasil.
A entidade reúne mais de 30 nações e funciona como um fórum para a discussão de questões relacionadas ao desenvolvimento e à melhoria de políticas sociais ou econômicas. Os demais integrantes do estudo foram países conhecidos como economias parceiras, isto é, nações voluntárias do programa — como o Brasil.
Divulgados no quarto trimestre de 2019, os resultados não são muito animadores para o Brasil: entre 58º e 60º lugar em leitura, entre 66º e 68º em ciências e entre 72º e 74º em matemática. A variação existe por conta margem de erro adotada pela pesquisa.
Esses números foram formados a partir da avaliação em instituições de ensino públicas e particulares. Comparando texto sobre a om a edição de 2014, o desempenho dos estudantes brasileiros teve um pequeno crescimento.
A nota de escolas particulares de elite do Brasil colocaria o país na 5º posição do ranking mundial de leitura do PISA. Já o resultado isolado de escolas públicas estaria 60 posições abaixo, na 65º entre 79 países.
A nota geral do Brasil está entre as mais baixas do mundo nas três áreas avaliadas, leitura, matemática e ciências. Quase metade dos estudantes não chega nem ao nível básico em nenhuma delas, destoando do desempenho dos alunos de escolas particulares do Brasil.
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