“O Mistério de Maya” é um documentário que nos mergulha em uma história desesperadora e revoltante, lançado recentemente na Netflix. À primeira vista, pode parecer mais um filme do gênero true crime da plataforma, envolvendo desaparecimentos ou serial killers.
No entanto, o longa vai além, explorando um caso que envolve a ‘indústria da saúde’ e um imperdoável erro médico. Sob a direção de Henry Roosevelt, estreante no comando, o documentário acompanha a trajetória de Maya Kowalski, uma jovem norte-americana diagnosticada na infância com uma doença rara que causa dores insuportáveis e limita sua capacidade de locomoção.
Em busca de uma cura, os pais de Maya decidem submetê-la a um tratamento experimental arriscado no México. Surpreendentemente, Maya apresenta melhoras significativas.
Só que algum tempo depois, Maya começa a sofrer intensas dores abdominais. Será que a doença está retornando? Ela e sua família procuram um hospital local para obter o devido tratamento. É nesse momento que tudo dá errado.
Os médicos alegam que a garota não possui nenhuma doença e que tudo é uma invenção da mãe, Beata Kowalski. A guarda de Maya é retirada dos pais, ela é deixada no hospital e deixa de receber seus medicamentos. Gradualmente, a situação se deteriora até atingir um ponto trágico e catastrófico.
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Roosevelt opta por uma abordagem cinematográfica contida, com uma filmagem sem grandes artifícios, uma fotografia mais sombria e permite que a história por si só cause impacto.
O diretor compreende que não há necessidade de pirotecnias visuais para impressionar, pois a própria narrativa já é uma avalanche de emoções. Devido às limitações inerentes à própria história, “O Mistério de Maya” apresenta uma certa falta de dinamismo.
Apenas o pai da garota conta a história, com algumas imagens da rotina familiar, algumas cenas de arquivo e gravações de áudio. Isso resulta em um filme um tanto engessado, não exatamente por falta de iniciativa da direção, mas devido à seriedade do assunto abordado.
É como se fosse uma matéria jornalística em um grande noticiário, sem muito espaço para inventividade. Somente no final surge uma questão complicada relacionada à produção e distribuição do filme: a história não está completa.
A família Kowalski ainda enfrenta pendências que provavelmente serão resolvidas no final de 2023. A sensação de incompletude é compartilhada tanto pelo espectador quanto pela família, gerando impotência e dificuldade em encerrar esse ciclo.
Talvez a Netflix devesse ter aguardado um pouco mais para entregar o filme completo, com uma trama mais resolvida. Apesar disso, “O Mistério de Maya” é um filme impactante, revoltante e desolador. É difícil não experimentar uma profusão de sentimentos apenas pela força intrínseca da história, que domina o documentário.
Sem artifícios visuais complicados, a narrativa se desenvolve de forma linear, contida e, ainda assim, eficiente. Trata-se de uma tragédia quase clássica, com nuances kafkianas, em que o Estado se intromete onde não é chamado, e ninguém sabe como escapar desse emaranhado.
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Com informações de: EDC
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