Com o passar dos anos, muitos idosos têm buscado alternativas inovadoras para garantir qualidade de vida e independência. Um exemplo disso é o casal Tesha Martínez e Francisco Vigil, que decidiram trocar a agitação da Cidade do México pela tranquilidade de Malinalco, onde fazem parte de uma comunidade colaborativa para idosos.
Em vez de lares de repouso tradicionais, esses grupos escolhem morar em “repúblicas” – comunidades organizadas por eles mesmos, nas quais compartilham responsabilidades, despesas e momentos de lazer.
Martínez, uma professora aposentada de 65 anos, e Vigil, ex-trabalhador da indústria automotiva de 61, se uniram a outros 28 idosos para criar um ambiente onde possam envelhecer com autonomia e apoio mútuo.
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O projeto, chamado “La Guancha”, é o primeiro desse tipo no México, e foi construído em um terreno cercado por florestas e montanhas. Até o momento, seis casas já foram erguidas com recursos das aposentadorias e economias dos moradores, com planos para mais nove nos próximos anos.
Vigil reflete sobre o desejo dele e de sua esposa de que seus filhos sigam suas próprias vidas. Segundo ele, se educarmos nossos filhos para serem independentes, também devemos encontrar uma maneira de seguir em frente e aproveitar essa fase da vida.
A decisão de viver em uma comunidade colaborativa foi motivada por um desejo de envelhecer em melhores condições, algo que eles sentiram que seus próprios pais não tiveram.
Esse modelo de moradia, chamado de cohousing, começou a ganhar popularidade em países como Dinamarca e vem atraindo adeptos no México. A ideia é simples: viver em comunidade, onde todos compartilham as tarefas e se apoiam mutuamente.
No caso de “La Guancha”, os moradores plantam árvores frutíferas, como mangueiras e goiabeiras, e utilizam aquecedores solares, mostrando que a sustentabilidade também faz parte do projeto.
Tesha Martínez, além de cozinhar para os moradores – tarefa que faz com paixão, ao lado de um cardápio elaborado com ajuda de chefs e nutricionistas –, se envolveu ainda mais na vida local, ensinando inglês para a comunidade e participando de uma oficina de cerâmica. Para ela, essa nova etapa é uma oportunidade de viver uma “nova vida”, cheia de atividades e conexões com seus amigos e vizinhos.
Francisco Vigil também encontrou sua forma de contribuir. Ele organiza as compras de alimentos, garantindo que tudo esteja de acordo com o número de moradores e o cardápio da semana. Além disso, é o responsável por definir regras de convivência e cuidar do bar comunitário.
Para ele, o projeto não apenas oferece uma solução para quem busca companhia e qualidade de vida na terceira idade, mas também para aqueles que enfrentam limitações financeiras e de saúde. Ao compartilhar despesas e contar com apoio mútuo, esses idosos conseguem ter uma vida mais digna e segura.
Margarita Maass, pesquisadora e uma das idealizadoras do projeto, ressalta que esse modelo se diferencia de uma casa de repouso porque os próprios moradores decidem todos os aspectos de sua vida em comunidade. Desde o tamanho das casas até com quem vão morar, tudo é decidido em conjunto, respeitando a individualidade e as preferências de cada um.
Esse estilo de vida colaborativo tem atraído cada vez mais adeptos no México, um país onde a população idosa está crescendo rapidamente. Segundo o INEGI (Instituto Nacional de Estatística e Geografia), a parcela de mexicanos com 60 anos ou mais saltou de 12,3% para 14,7% entre 2018 e 2023.
Com o aumento da expectativa de vida e a queda da taxa de natalidade, muitos estão buscando alternativas para garantir um envelhecimento mais digno e, principalmente, mais feliz.
A comunidade de Malinalco é um exemplo de como a convivência em grupo pode trazer benefícios inesperados. Para aqueles que convivem com doenças, como Alzheimer, estar rodeado de amigos e atividades pode ser uma verdadeira fonte de conforto.
Um dos moradores da comunidade, que sofria da doença, encontrou em “La Guancha” um espaço de acolhimento, onde podia jogar dominó e assistir a filmes com os amigos.
Para Tesha, Francisco e seus companheiros de “La Guancha”, esse modelo de vida representa mais do que uma simples mudança de casa – é uma nova forma de encarar o envelhecimento, com autonomia, solidariedade e, acima de tudo, cercados por pessoas que compartilham os mesmos valores e sonhos para o futuro.
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