A Itália deu o primeiro passo para proibir permanentemente a criação de animais para a venda de peles após o Senado aprovar uma emenda à lei orçamentária que prevê, entre outros temas, o fim deste tipo de empreendimento em território nacional.
Agora, cabe ao Parlamento tomar a decisão final, o que deve ocorrer nas próximas semanas. Caso se confirme, a Itália irá fechar pelo menos 10 fazendas de criação de visons já nos próximos seis meses, fazendo com o que o país se junte a nações como Áustria, Bélgica, Croácia, República Tcheca, Holanda e Noruega, que seguiram pelo mesmo caminho.
Algumas grifes italianas, no entanto, já haviam decidido pelo fim do uso de peles em suas coleções, como é o caso da Valentino, Armani, Gucci, Prada e Versace.
A organização pelos direitos dos animais Humane Society International/Europe (HSI/Europe) celebrou o avanço. “A HSI/Europe está imensamente orgulhosa de que a nossa estratégia de conversão de explorações de produção de peles tenha desempenhado um papel central no desmantelamento desta indústria cruel e perigosa no nosso país”, afirmou a diretora da entidade, Martina Pluda.
“Existem razões muito claras de ordem econômica, ambiental, de saúde pública e, claro, de bem-estar animal para encerrar e proibir as explorações de peles. A votação de hoje reconhece que permitir a criação em massa de animais selvagens para a moda frívola das peles representa um risco tanto para os animais como para as pessoas, que não pode ser justificado pelos benefícios econômicos limitados que proporciona a uma pequena minoria de pessoas envolvidas nesta indústria cruel”, finalizou.
Estimativas globais apontam que todos os anos cerca de 100 milhões de animais são criados e mortos para atender a demanda do mercado da moda. Sim! 100 milhões de animais são mortos cruelmente para que sua pele possa ser usada na confecção de roupas e acessórios. Visons, raposas, guaxinins, coelhos e chinchilas, que passam toda a vida em gaiolas apertadas, privados de qualquer conexão com o mundo natural.
Durante a pandemia da covid, além da Dinamarca, foram registrados surtos da doença entre esses animais criados em fazendas nos Estados Unidos, Holanda, Espanha, Grécia, Suécia e na própria Itália.
Vários países já proibiram a produção e a importação de peles (veja quais nesse texto, em inglês). Todavia, o Brasil é um dos maiores produtores e o segundo maior exportador mundial de peles de chinchila, atrás apenas da Argentina. E o estado do Rio Grande do Sul concentra 70% desse mercado.
Em 2009, o deputado e ambientalista Ricardo Tripoli apresentou um projeto de lei (PL) pela proibição do abate da chinchila em todo território nacional. Apesar de ter sido aprovado por unanimidade pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, o texto acabou sendo arquivado em 2019.
Suzana Camargo / Conexão Planeta
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