Por: Joilson K. Rodrigues
No mundo da menina Michelle tudo é escuridão e silêncio. A menina é prisioneira de si mesmo, acorrentada dentro de sua deficiência como se habitasse uma gruta de trevas, onde não existe o menor dos ruídos e sequer uma lembrança remota de qualquer faísca de luz. Os olhos de Michelle não dão e nem recebem luz. É cega. E isso não é só, também é surda. Como compreender e interagir com o mundo estando ela emparedada dentro de um corpo sem nenhuma brecha por onde entrar qualquer aceno do mundo de fora?
Michelle é uma condenada a pior de todas as agonias, ao pior de todos os destinos. É condenada a não saber que as coisas têm nome e serventia, a não saber sobre os conceitos mais comuns, como família e sociedade. Vive como um animal, uma fera que os pais não conseguem domar. O pai a tem como um castigo, um carma, uma sentença que não está mais disposto a cumprir. Suas tentativas fracassadas de educar a filha, de ensinar-lhe as coisas mais básicas, acabam por fazê-lo desistir, então ele propõe a pior das soluções: interna-la num manicômio. A ideia assusta a mãe da menina. Não aceita. Seu coração de mãe não quer fazer a vez de carrasco e aplicar castigo ainda mais cruel à condição infeliz da filha.
Nesse clima de desespero surge uma esperança, um velho professor, desempregado e alcoólatra, que utiliza didáticas pouco convencionais. A postura rude e a técnica pedagógica grosseira do velho mestre aborrecem o pai de Michelle, que o dispensa do compromisso. Porém Sahai, o professor, não acata as ordens de abandonar a missão e, se aproveitando da ausência do patrão que saiu em viagem de vinte dias, convence Catharine, a mãe, a dar-lhe esse prazo para que tente fazer algo pela menina.
Com o passar dos anos o mundo do velho professor ganha as formas cruéis do mundo de sua aluna, sua sanidade é afetada pelo mal de Alzheimer e ele desparece por anos. Michelle começa uma busca incansável pelo mestre e o encontra. Agora os papeis se invertem e a aluna dedicada é quem assume a tarefa de conduzir seu anjo salvador de volta à luz.
Abaixo, trailer do filme sem legenda.
O nome do filme é uma alusão ao mundo de trevas em que a protagonista está submersa. Não apenas pela escuridão da cegueira, mas também pelo isolamento total que a menina estaria condenada a viver. É difícil imaginar condição pior de existência. No começo o filme prende pela ansiedade que provoca, a expectativa de ver a menina sendo resgatada desse inferno chega a ser dolorosa. Uma mistura de sentimentos invade quem assiste, quando quase odiamos o professor, mas ao mesmo tempo queremos defende-lo da empáfia do pai. As tragédias humanas carecem de um culpado e é difícil não escolhermos o nosso “Judas” logo de cara: o pai. Diante da situação da filha e da angustia da mãe, criar uma empatia pelo pai é quase impossível, mas necessária.
A inversão de papeis cumpre bem uma das intenções da história, que é a de mostrar o valor da gratidão. A mão cruel do Alzheimer recairia sobre o velho professor de qualquer forma, mas seu destino seria muito mais penoso sem o amparo e a retribuição da antiga aluna.
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