Mais de vinte anos atrás, em 1999, uma reportagem gerou enorme repercussão país afora: nela, uma menina aparece aos prantos pedindo para não pararem seu transporte escolar na zona rural de Paraibuna (SP).
Seu maior medo, ela contou, era de não ter mais acesso à educação, a chave para realizar o sonho de se tornar professora.
Duas décadas depois, Amanda Ribeiro, hoje com 32 anos, chegou lá!
Em entrevista ao portal g1, ela reforçou, no entanto, que a sua realidade de muitos anos atrás, ainda é a de muitas outras crianças. “Eu morava muito longe da escola e dependia de ter transporte, de não chover, de muitas coisas. Eu consegui persistir”.
“Eu morava na beira da rodovia, mas tinha colegas que moravam mais longe e para pegar o ônibus era ruim. Na minha opinião, o mais difícil era o à uma educação de qualidade em um contexto onde as pessoas não tinham muita informação na época”, complementou.
Leia também: Menino trans de 7 anos comemora retificação de nome na certidão de nascimento
Sempre afeita aos estudos, Amanda era muito questionada por seus colegas. “Sempre me falavam ‘nossa, como assim você gosta tanto de ir à escola e estudar?’ Eu era aquela criança que acordava domingo cedinho para assistir ‘Pequenas Empresas, Grandes Negócios’, eu sonhava em ser empreendedora, no sentido de sempre aprender mais, conhecer o mundo e esse gosto permanece até hoje”, contou.
A professora se tornou notícia nacional em 1999, quando aos 9 anos, foi entrevistada e chorou quando contou à repórter como se sentia por não ir à escola devido à falta de transporte no vilarejo.
“Por que você está chorando? – pergunta a repórter.
“Porque eu gosto muito de escola… se não tiver ônibus, e aí? O que eu faço? Eu amo a escola… se eu tiver escola, eu posso trabalhar… mas se eu não estudar, eu não posso trabalhar… ser professora, não vou poder!”, responde a criança, segurando as lágrimas.
Ela se formou em 2013 no curso de Pedagogia.
Nesse meio-tempo, precisou batalhar muito: desde os 15 anos conciliava trabalho com estudos, uma vez que precisava ajudar a família em casa.
“Eu trabalhei com tudo que você possa imaginar já fui babá, já trabalhei como secretária, já fui garçonete e, tudo isso, estudando de noite. Quando me formei, precisei largar o emprego fixo para conseguir um estágio, eu consegui e trabalhei até casar e a minha filha nascer”, contou Amanda.
Hoje formada e na docência, ela se dedica à sua família e, claro, aos alunos da escola onde trabalha.
“Podemos melhorar a educação no nosso país quando entendermos que o responsável por ela acontecer são os pais. A escola, os cuidadores, babás e afins são apoio para as famílias. Famílias caminham junto com esse apoio, ela é responsável por um ambiente educador”, completou.
Leia também: O celular está destruindo nossa memória como nunca antes se viu
Fonte: Via Vale
Compartilhe o post com seus amigos! 😉