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Na Netflix: Conheça o filme brasileiro vencedor de 10 prêmios internacionais e indicado ao Globo de Ouro

Héctor Babenco, renomado diretor de cinema argentino naturalizado brasileiro, deixou um legado marcante na sétima arte ao capturar a essência da marginalização social em sua obra icônica “Pixote, a Lei do Mais Fraco”. Numa realidade onde as mudanças apenas agravam o cenário de desigualdade, Babenco, como observador perspicaz, retratou em detalhes a dura realidade das camadas mais vulneráveis da sociedade brasileira.

Sua narrativa, embora ambientada há mais de quatro décadas, permanece perturbadoramente relevante. O filme é um retrato contundente da miséria que assola o Brasil, destacando as condições precárias vividas por milhões de jovens desamparados, lançados à margem de uma sociedade que falha em oferecer-lhes qualquer perspectiva de futuro.

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Em 1980, o Brasil abrigava uma população de 120 milhões de pessoas, sendo metade delas jovens com menos de 21 anos. Entre esses, aproximadamente três milhões enfrentavam a dura realidade de não terem um lar ou qualquer apoio familiar. Babenco, em sua abordagem corajosa, questionava a eficácia do sistema legal para indivíduos menores de 21 anos, considerando-os alvos fáceis para a exploração.

A paisagem urbana de São Paulo, responsável por mais de 60% do PIB nacional naquela época, abrigava vastas comunidades sem infraestrutura básica, como água potável e saneamento. Babenco mergulha na crueza desse contexto ao apresentar um protagonista, Pixote, interpretado por Fernando Ramos da Silva, um garoto de rua de onze anos, analfabeto e sem perspectivas.

A jornada de Pixote, desde sua apreensão até sua experiência na Fundação Estadual para o Bem Estar do Menor (Febem) e suas incursões pelo mundo do crime no Rio de Janeiro, é habilmente retratada no filme. A interação do personagem com uma série de figuras, incluindo traficantes e prostitutas, revela uma vida impregnada pela violência e pela ausência de um suporte familiar genuíno.

Marília Pêra assume o papel de uma figura materna efêmera na vida de Pixote, oferecendo-lhe um breve respiro na escuridão de sua existência marginalizada. Entretanto, mesmo essa relação é marcada por uma inevitável desilusão, culminando na tragédia da morte precoce do ator Fernando Ramos da Silva, aos dezenove anos, após um confronto com policiais militares.

“Pixote, a Lei do Mais Fraco” não apenas retrata uma realidade crua, mas também lança luz sobre as complexidades e tragédias inerentes à vida dos marginalizados. Com sua estreia na plataforma de streaming Netflix, essa obra-prima cinematográfica ganha uma nova oportunidade de tocar o público, oferecendo uma visão dolorosamente honesta de uma realidade muitas vezes negligenciada.

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Fonte: Revista Bula

Gabriel Pietro

Gabriel tem 24 anos, mora em Belo Horizonte e trabalha com redação desde 2017. De lá pra cá, já escreveu em blogs de astronomia, mídia positiva, direito, viagens, animais e até moda, com mais de 10 mil textos assinados até aqui.

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