Em uma reviravolta chocante no caso do bolo envenenado em Torres, Rio Grande do Sul, a Polícia Civil revelou nesta sexta-feira (10) mensagens perturbadoras enviadas por Deise Moura dos Anjos, principal suspeita de assassinar quatro pessoas da própria família com arsênio.
As mensagens, divulgadas em coletiva de imprensa, lançam luz sobre a mente da acusada e fornecem pistas cruciais para a investigação.
“É bem provável que eu não vá para o paraíso”, escreveu Deise em novembro, em uma mensagem enviada a um familiar não identificado.
A frase, carregada de um presságio sombrio, assume contornos ainda mais sinistros quando analisada à luz dos acontecimentos posteriores.
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Deise é acusada de envenenar não apenas o bolo que vitimou três pessoas em dezembro, mas também de ter assassinado o próprio sogro, Paulo dos Anjos, em setembro de 2024, com bananas e leite em pó contaminados com arsênio.
A polícia revelou que, após a morte do sogro, Deise tentou cremar o corpo, possivelmente para ocultar evidências. “Num primeiro momento, depois da morte do sogro, ela tenta a cremação do corpo”, detalhou a delegada Sabrina Deffent.
Frustrada em sua tentativa, a suspeita elaborou uma narrativa para despistar a família, atribuindo a morte de Paulo a uma suposta contaminação das bananas pelas enchentes que assolaram Canoas no ano anterior.
Três dias após o falecimento, Deise enviou uma mensagem à sogra, Zeli dos Anjos, que também consumiu o bolo envenenado, mas sobreviveu. Na mensagem, a suspeita desencorajava a família de investigar a morte de Paulo, sugerindo causas alternativas como intoxicação alimentar ou negligência médica.
“Acho que não faria nada [para investigar a morte], pois pode ter sido várias coisas, intoxicação alimentar, negligência médica, a banana por estar contaminada pela enchente, ou a hora dele mesmo, sei lá”, escreveu.
Em dezembro, após o envenenamento das outras vítimas, Deise voltou a manipular a família, afirmando que não deveriam “procurar culpados” pela morte de Paulo. “Acho que precisamos rezar mais, aceitar mais, e não procurar culpados onde não tem”, escreveu a Zeli.
Em uma tentativa de blindar-se contra futuras investigações, Deise complementou: “São só os momentos que Deus nos reserva, e isso sim não tem volta, nem polícia, nem perícia, que pode nos ajudar a desvendar.”
Para o delegado Marcos Veloso, responsável pelo caso, as mensagens revelam uma mente fria e calculista. “Com essa mensagem, ela já pensa e joga seu álibi lá na frente”, afirmou Veloso, referindo-se à tentativa de Deise de influenciar a percepção da família e obstruir a justiça.
A polícia acredita que as mensagens, juntamente com outras evidências coletadas, serão cruciais para a condenação de Deise Moura dos Anjos pelos crimes hediondos que cometeu.
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