A descoberta foi divulgada pela Nasa através de um vídeo no qual a areia viaja 2000km pelo mundo até chegar à Floresta Amazônica
Uma descoberta feita em 2019 aponta que aproximadamente 182.000 toneladas de poeira do Saara atravessam o oceano Atlântico até chegar à América. Ao todo, cerca de 2,7 milhões da poeira do deserto do Saara se instalam na bacia amazônica.
Um estudo da NASA feito pelo Goddard Space Flight Center mede a quantidade de areia que viaja pelo oceano Atlântico. Segundo os satélites da agência espacial, mais de 27 milhões de toneladas de areia viajam do Saara para a Amazônia a cada ano, com cerca de 22 mil toneladas de fósforo.
Para medir a formação química das substâncias na atmosfera da Amazônia, os pesquisadores usaram um instrumento óptico chamado Lidar. A certeza de que a poeira encontrada no local vem do Saara e não de um terreno próximo é dada pela sua composição química, mais especificamente pela presença e proporção de alguns elementos como alumínio, manganês, ferro e silício.
O que não esperava é que beneficiaria a Amazônia, já que 0,8% correspondem a um nutriente responsável pela nutrição das plantas. Essa quantidade de fósforo, de acordo com o estudo, é suficiente para suprir as necessidades nutricionais que a floresta amazônica perde com as fortes chuvas e inundações na região: “Todo o ecossistema da Amazônia depende do pó do Saara para reabastecer suas reservas de nutrientes perdidos”, afirmou o coordenador do estudo, Dr. Hongbin Yu, que coletou dados entre 2007 e 2013.
Essa ligação do Saara e a Amazônia beneficia não apenas na nutrição, mas é responsável pela maior parte das chuvas torrenciais que se formam na região.
Os núcleos de condensação são parte da nuvem em que o vapor de água condensa, são formados, entre outros elementos, por partículas em suspensão no ar, como a poeira.No caso da floresta amazônica, uma parcela desses aerossóis é proveniente do Saara.
Um grupo de pesquisadores reunindo Brasil, Estados Unidos e Alemanha, que desenvolvem a mais de uma década, levando a descoberta que a poeira do deserto ajuda a formar nuvens sobre a Amazônia Central (onde se localiza Manaus).
Para testar essa hipótese, os pesquisadores realizaram experimentos em laboratório, onde parte das partículas coletadas na torre ATTO foi injetada em uma câmara, na qual é possível simular a formação das nuvens convectivas (nuvens com grande altitudes verticais), reproduzindo as condições da atmosfera e até 18 km acima do solo, onde prevalecem as baixas pressões e temperaturas (até 70º negativos).
Em 2015, a Nasa, a agência espacial americana, divulgou um estudo segundo o qual todos os anos o deserto envia, junto com o pó, 22 mil toneladas de fósforo, nutriente encontrado em fertilizantes comerciais e essencial para o crescimento da floresta. É quase a mesma quantidade que a mata produz, com a decomposição das árvores caídas e, em seguida, perde com as chuvas e inundações.
Segundo o levantamento da Nasa, todos os anos 182 milhões de toneladas de poeira, mais ou menos o equivalente a 690 mil caminhões de areia saem do Saara para as Américas do Sul e Central. Desse total, cerca de 28 milhões de toneladas (cerca de 105 mil caminhões) caem na Bacia Amazônica, e, junto com elas, o fósforo.
Confira o vídeo ilustrativo produzido pela Nasa:
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