Sem categoria

“Nós aceitamos o amor que achamos que merecemos”

“Nós aceitamos o amor que achamos que merecemos”. A frase famosa dita no filme “As Vantagens de Ser Invisível” nos faz refletir sobre o porquê de nos submetermos muitas vezes a determinados tipos de relacionamento, os quais em pouco ou quase nada nos agregam, quando não retiram o que possuímos de bom ou como é dito no próprio filme – nos tratam como nada.

O medo da solidão pode ser uma boa resposta para que aceitemos nos subjugar a relacionamentos que não permitem que o nosso melhor venha à tona. Ficar sozinho é um problema para a maior parte de nós, de modo que estar com alguém para simplesmente não ter que ficar só e lidar com certos monstros, acaba sendo uma opção seguida por muitos.

O comodismo também pode ser determinante no “mergulho” em relacionamentos rasos. Não raras vezes, preferimos estar em um relacionamento, mesmo que seja ruim e nos deixe péssimos, por preguiça de arregaçar as mangas e correr atrás de algo que realmente valha a pena e seja transformador de alguma maneira.

Há, ainda, a falta de coragem que faz com que se tenha medo de arriscar, de sair da zona de conforto, de buscar outros lugares, outras pessoas, outras experiências. O medo de falhar novamente, de se magoar de novo, de só encontrar pessoas completamente iguais às que se afastou.

O resultado desses sentimentos e dessas fobias é a insegurança e a total autodepreciação, o que implica o apequenamento do indivíduo por ele mesmo, como se não merecesse mais do que possui ou como se não fosse capaz de ter alguém ao seu lado que o faça se sentir infinito.

Por isso, aceitamos tão pouco em nossos relacionamentos, já que ao se tornar menor, acabamos nos contentando com migalhas, deixando a alma faminta e, por conseguinte, desnutrida. Assim, pouco importa se você está em um relacionamento, o sentimento de vazio será ainda maior, uma vez que ele sequer é capaz de fazê-lo sentir o que há de mais vivo na sua interioridade – e algo fundamental em qualquer relação é permitir que as potencialidades e belezas do outro sejam afloradas – de tal maneira que se o relacionamento não consegue ser um agente criativo, torna-se um contrassenso permanecer nele.

Entretanto, nós permanecemos e nos autodepreciamos ainda mais, tornamo-nos ainda menores e mais subjugados a uma relação escravizadora, uma solidão compartilhada, que nos mata a cada dia por ser incapaz de oferecer algo vivo.

É preciso olhar para dentro de si e perceber o que existe de belo e oferecer apenas a quem esteja disposto a, como diria o velho Bukowski, “aguentar a sobrecarga psíquica”, já que se relacionar com alguém de verdade é estar disposto a aguentar tudo que uma alma traz, todas as lágrimas que serão derramadas, todos sorrisos singelos, todas alegrias mais simplórias; bem como, ser alguém que sempre vai lembrar ao outro quão grande e belo ele é.

Toda vez que aceitamos algo menor do que isso, aceitamos o amor que achamos que merecemos e ao contrário do se busca, retroalimenta-se a tristeza, a solidão e a finitude, posto que, como disse, se alguém não é capaz de explorar o seu melhor, ele jamais vai fazê-lo sentir-se amado e grande, porque isso só ocorre quando estamos em uma relação que toca a nossa alma em sua completude, fazendo-nos merecedor de sentimentos profundos, que nos afaste qualquer ideia de que não somos nada e, portanto, faça-nos maiores e infinitos.

Erick Morais

Poderia dizer o que faço, onde moro; mas, sinceramente, acho clichê. Meus textos falam muito mais sobre mim. O que posso dizer é que sou um cara simples. Talvez até demais. Um sonhador? Com certeza. Mais que isso. Um caso perdido de poesia ou apenas um menestrel caminhando pelas ruas solitárias da vida.

Recent Posts

Hy-Brasil: A “Ilha Fantasma” que não é vista desde 1872

Na costa oeste da Irlanda, uma lenda peculiar persiste ao longo dos séculos: a misteriosa…

1 dia ago

Cientistas e arqueólogos se unem para revelar quando Jesus realmente nasceu e dizem que não é o que as pessoas pensam

Estudos recentes têm levantado debates intrigantes sobre a data exata do nascimento de Jesus Cristo,…

1 dia ago

Homem que não dormiu por 264 horas seguidas sofreu efeitos colaterais terríveis ao longo dos anos – veja consequências

Em 1963, Randy Gardner, um adolescente americano de 17 anos, decidiu participar de um experimento…

1 dia ago

Na Netflix: Um dos maiores romances do século 20, esta história de amor sensível vai te deixar apaixonado

Lançado em 2022, O Amante de Lady Chatterley, dirigido por Laure de Clermont-Tonnerre, traz para…

1 dia ago

Bebê passa por cirurgia para remover metade do cérebro com apenas 4 semanas de vida – entenda o motivo

Em novembro de 2023, Andalusia Mesa e seu marido Charles receberam seu filho Caper, com…

4 dias ago