Figuras paternas frágeis e mães hiper solícitas transformam os filhos em “parafusos de geleia”.
Se levam um apertão, espanam. Não aguentam ser contrariados. Não foram educados para suportar o “não”.
O parafuso de geleia e comumente encontrado nessa sequência: avós autoritários, pais permissivos (= antiautoritarismo), netos sem limites (parafusos de geleia).
Quando foram pais, os avós mostraram-se muito autoritários, tendo sido mais adestradores de crianças que educadores. Bastava o pai olhar, o filho tinha que obedecer; do contrário os pais abusavam da paciência curta, da voz grossa e da mão pesada. Não tinham conhecimento da adolescência. Adolescentes com vontade própria era sinônimo de desobediência. Não reconheciam a possibilidade de um filho pensar diferente: “Eu sei o que é bom para o meu filho e ele tem que aceitar”. “Filho não tem vontade, não tem querer”. Eram onipotentes e abusavam da lei animal do mais forte.
Os filhos desses pais se revoltaram contra o autoritarismo. Sofreram tanto com esse método de educação que quiseram dispensá-lo ao se tornarem pais. Então trataram de negá-lo, fazendo o contrário. Assim, tornaram-se extremamente permissivos.
A permissividade é a outra face do autoritarismo regada a ocasionais crises autoritárias. Não consiste em um novo caminho educativo. O pai permissivo deixa, deixa, até um ponto em que não aguenta mais e dá um grito: “Agora chega!” De repente, manifesta um comportamento que não condiz em nada com a permissividade. É a perda de referência educativa.
Os filhos desses pais – portanto, os netos dos avós autoritários – tornam-se onipotentes com pés de barro: para eles tudo pode, mas não suportam nenhuma frustração. Sentem-se fortes, mas são parafusos de geleia, isto é, não suportam os “apertões” que a vida naturalmente dá em todos os seres viventes.
O sim só tem valor para quem conhece o não!
Mas a geração parafusos de geleia desconhece o “não”. Tudo é permitido. E a permissividade não gera um estado de poder.
Os parafusos de geleia têm baixa autoestima porque foram regidos pela educação do prazer. Muitos pais acham que dar boa educação é deixar o filho fazer o que tiver vontade, isto é, dar-lhe alegria e prazer. Não é isso que cria a autoestima.
Texto retirado do livro “Quem ama Educa” de Içami Tiba (pág. 53, 54)