Por: Marie Miguel
No campo da psicologia, há hoje diversas abordagens que o cliente pode decidir seguir. Uma delas é a chamada terapia centrada no cliente, criada por Carl Rogers entre 1940 e 1980. Rogers ficou conhecido pela sua psicologia humanista, revolucionando a área ao apresentar uma abordagem que focava no otimismo e em ser o menos direto com os seus clientes, tratando-os de acordo com seus sonhos e anseios na vida. Por conta disso, a terapia centrada no cliente é também conhecida como terapia Rogeriana.
Essa abordagem busca colocar a pessoa no centro da sua própria narrativa. Rogers acreditava que a natureza humana é intrinsecamente boa e que todos buscamos evoluir, realizar nossos anseios e buscarmos nos tornar a melhor versão de nós mesmos. Por temos esse potencial dentro de nós mesmo, a abordagem Rogeriana foca em dar espaço para o cliente acreditar que ele mesmo é capaz de pensar, sentir e decidir pelos caminhos que deve seguir para atender seus desejos e atingir os seus sonhos.
O objetivo, então, do terapeuta ao seguir essa abordagem é orientar a pessoa a encontrar em si as respostas a seus questionamentos internos e, também, descobrir o que lhe falta para chegar no objetivo esperado. Dessa forma, a teoria centrada no cliente parte do pressuposto de que as pessoas naturalmente buscam a saúde mental e a própria evolução, ao invés de considerar que tenham alguma neurose ou doença mental.
Caso a terapia centrada no cliente lhe pareça uma abordagem que combine com você, buscar counseling, ou aconselhamento, é o primeiro passo para encontrar um terapeuta que siga essa linha da psicoterapia. É importante também entender melhor o que é, como funciona e o porquê ela se mostra tão efetiva às pessoas.
A primeira consideração importante a se fazer sobre a terapia Rogeriana é que o seu nome terapia centrada no cliente não é coincidência. Ao invés de designar os clientes como pacientes, Roger pretendia tirar da concepção das pessoas que elas precisam de alguma forma serem curadas por um terapeuta.
De certa forma, a abordagem começa antes mesmo do cliente ser atendido com uma simples palavra de diferença. Ao mudar o termo usado, Roger acreditava que a pessoa entenderia a relevância de ter ela mesmo no centro da narrativa, em que ela busca o seu caminho para atingir seus objetivos e superar seus obstáculos pessoais.
Assim, a terapia centrada no cliente destaca que todos temos dentro de nós o necessário para evoluirmos e o terapeuta é importante para mostrar isso e demonstrar como a própria natureza auto suficiente do cliente pode ser liberada. Porém, o terapeuta mantém-se neutro, ele não julga sentimentos e ações do cliente, nem oferece recomendações ou possíveis soluções, ele é apenas um facilitador para o cliente se conhecer.
A partir dessas considerações, a terapia centrada no cliente cria o ambiente e o cenário ideal para que a pessoa chegue em suas próprias conclusões de maneira criativa e sob uma nova perspectiva. Para tanto, há quatro importantes aspectos a serem considerados para que esse cenário ideal aconteça:
O terapeuta não está ali para julgar nem para recomendar ações e atitudes, muito menos para comandar uma discussão e a própria terapia. O responsável por isso é o próprio cliente e o terapeuta deve apenas direcioná-lo a compreender seu papel, sem lhe guiar para nenhum caminho em específico.
2. Apoio positivo incondicional
Independente das angústias e desafios pessoais de cada cliente, o terapeuta deve seguir dando apoio positivo de maneira incondicional. Não é papel dele supor o que é certo ou errado na vida do cliente.
3. Autenticidade
O terapeuta deve ser congruente com o que o cliente sente e relata no seu dia-a-dia. Ele tem que ser autêntico tanto aos sentimentos do cliente, como aos próprios. Ele pode dizer o que sente, mas não como verdade absoluta ou como uma conduta social a ser seguida. Ali, os sentimentos do terapeuta são dele próprio e busca-se que o cliente tenha liberdade de expressar os próprios sentimentos e emoções sem julgamentos.
4. Empatia
É impossível realizar uma terapia centrada na história e nos sentimentos do cliente se não houver empatia envolvida. Empatia aqui é definida como um sentimento capaz de fazer tanto o terapeuta quanto o cliente se colocarem um no lugar do outro, a reconhecer seus sentimentos e emoções, mesmo que essas não sejam as suas próprias. A relação então entre terapeuta e cliente tem que ser verdadeira e buscar colocar a empatia como um valor importante tanto para a relação de ambos quanto para a relação do cliente com a sociedade.
O grande diferencial da terapia centrada no cliente são as oportunidades garantidas ao cliente de buscar a sua evolução e a compreensão de seus sentimentos e ações a partir dele mesmo, sem interferência do julgamento do outro.
Ao contrário de outras abordagens que buscam solucionar problemas do exterior ao interior, a terapia centrada no cliente parte do interior para o exterior. É uma técnica humanista, que coloca a pessoa no centro da própria história, impulsiona o seu autoconhecimento e desenvolve emoções de positividade, empatia e autenticidade.
Portanto, ela é bastante eficaz por ser exatamente humana e tratar o cliente como alguém capaz de encontrar em si mesmo a força necessária para atingir seus objetivos e compromissos.
Sobre a autora
Marie Miguel é especialista em redação e pesquisa há quase uma década, cobrindo uma variedade de tópicos relacionados à saúde. Atualmente, ela está contribuindo para a expansão e o crescimento de um recurso online gratuito de saúde mental com BetterHelp.com Com interesse e dedicação em lidar com os estigmas associados à saúde mental, ela continua a focar especificamente em assuntos relacionados à ansiedade e à depressão.
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